terça-feira, março 30, 2004

Jornal da Paraíba

Paraíba, terça-feira, 30 de março de 2004

O Samba do Cabruêra

Novo CD do Cabruêra traz peso sem abandonar o forró esferográfico

ANDRÉ CANANÉA
O mês de abril, ao que parece, é do Cabruêra. O grupo paraibano – que está passando férias em casa – vai lançar seu segundo disco, Samba da Minha Terra, no mês que vem. O pré-lançamento do disco acontece com o show do Abril Pro Rock (16, 17 e 18 de abril no Centro de Convenções de Olinda). Arthur Pessoa, vocalista da banda paraibana de maior projeção no exterior (ver box), revelou, por e-mail, que o Cabruêra será a terceira banda a se apresentar na última noite do festival, o domingo, abrindo o palco 1, destinado às grandes atrações da noite, como O Rappa e Pitty.

Samba da Minha Terra sairá com 12 faixas novinhas em folha. Entre elas, uma versão para “Carcará” (João do Valle) e outra para “Proibido Cochilar” (Antônio Barros). Além disso, o CD, que será lançado pela gravadora carioca Nikita Records (que distribuiu o primeiro CD da banda para o mundo), virá com duas faixas-bônus, na verdade dois remixes, um assinado por Chico Corrêa e o outro pelo carioca Marcelinho Da Lua, conhecido pelo seu projeto junto ao Bossacucanova.

O disco teve produção caprichada. As bases foram gravadas no lendário estúdio carioca Nas Nuvens em apenas três dias. Depois, as faixas foram trabalhadas em mais dois estúdios do Rio de Janeiro, o Som de Neguim (do George Israel, do Kid Abelha) e o Fábrica de Chocolates, sob a batuta do produtor Nilo Romero, que assina a produção de discos do Moska e Engenheiros do Hawaii, entre tantos outros.

Depois, o CD foi encaminhado à mixagem de Walter Costa (Pet Shop Mundo Cão, do Zeca Baleiro) e masterizado por Ricardo Garcia no seu Magic Masters, um dos estúdios mais conceituados em termos de masterização (o disco de Maria Rita foi masterizado lá). Ao todo, Samba da Minha Terra consumiu cinco meses de trabalho árduo. Atualmente, o álbum está sendo prensado na fábrica e deverá chegar às lojas no final de abril.

PESO
A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA participou de uma audição do novo disco. Junto com Zé Guilherme, vocal e percussão do Cabruêra, pôde ouvir sete das 12 faixas do CD, numa cópia pré-mix, sem ter passado pela masterização, mas que deu para dar uma boa idéia do que os fãs podem esperar para o próximo trabalho.

Peso é a palavra de ordem do novo trabalho do Cabruêra. Agora com a qualidade de um disco gravado por uma grande gravadora (embora a Nikita não tenha grande porte), grupo investe na percussão, sem deixar de lado o forró esferográfico. Ao mesmo tempo que traz um vigor inédito em disco – mas presente nos shows mais recentes da banda – não deixa de lado o suingue captado na pegada regional que fez a fama do grupo.

Cem por cento orgânico, como confirma Zé Guilherme, três faixas colaram logo de cara na audição improvisada: “Magistrado ladrão”, muralha sônica que lembra os caminhos trilhados pela Nação Zumbi em seu último disco dos pernambucanos; a instrumental “Erectus cactus” e “Zabé”, faixa que homenageia Zabé da Loca e que aparece novamente no final do CD remixada por Chico Corrêa.

Grupo poderá voltar à Europa em junho

Lá pelo meio do ano, o Cabruêra espera voltar à Europa para mostrar o novo trabalho. A idéia é desembarcar por lá entre junho e julho, época do verão e de grandes festivais. De 2000 pra cá, o grupo já foi quatro vezes à Europa. Já tocaram em festivais na Inglaterra, Bélgica, Portugal, Alemanha, Holanda e França. E ainda emplacaram músicas em coletâneas na França (Favela Chic-Posto Nove 3), Portugal (Brazil Lounge 2) e Alemanha (Brazil Allstars).

Na última vez que estiveram lá, em janeiro passado, o Cabruêra ganhou uma baita projeção ao ser uma das atrações brasileiras do francês Midem, a maior feira mundial da indústria fonográfica. Para este ano, a idéia é entrar na programação do festival dinamarquês Roskilde Festival, onde já tocaram Skank, Björk e San-tana. (AC)

sexta-feira, março 26, 2004

http://web.media.mit.edu/~jpatten/audiopad/
Audiopad
Audiopad is something I have developed with electronic musician and fellow Media Lab graduate student Ben Recht aka localfields.

It is a composition and performance instrument for electronic music which tracks the positions of objects on a tabletop surface and converts their motion into music. One can pull sounds from a giant set of samples, juxtapose archived recordings against warm synthetic melodies, cut between drum loops to create new beats, and apply digital processing all at the same time on the same table. Audiopad not only allows for spontaneous reinterpretation of musical compositions, but also creates a visual and tactile dialogue between itself, the performer, and the audience.

Audiopad has a matrix of antenna elements which track the positions of electronically tagged objects on a tabletop surface. Software translates the position information into music and graphical feedback on the tabletop. Each object represents either a musical track or a microphone.


quinta-feira, março 25, 2004

Naza Cade as fotos de Salvador???
Bota a de Vitor e Pablo(po rolou mó sentimento!), hehehehe
Nao vamos tocar em Natal nem em Campina(ligaram adiando nao sei pra quando).
Recesso por uns dias ok??? dia 31 tem Eleonora no Projeto seis e meia + MPB4, onde eu Vitor estaremos tocando.
tem uma pauta pra maio no teatro, pensei em viabilizar e vinda do lado2stereo pra tocar tb, que acham???

quinta-feira, março 18, 2004

do site americanas.com.br
Lounge Music - conheça os CDs imperdíveis da Ouver!


A moda "Lounge" começou em Londres e Nova York. Diversas casas começaram a oferecer espaços cheios de grandes sofás, pufes e poltronas. Não demorou para que o som que rolava nesses locais ganhasse o sentido de estilo musical. A música lounge geralmente é eletrônica, mas pode ser acústica também. Sua principal caraterística é se integrar ao ambiente tranquilo, ideal para relaxar e conversar. A gravadora Ouver Music lançou um catálogo especial dedicado ao gênero. Destacamos abaixo alguns desses álbuns imperdíveis. Confira:

Electrolounge Brasília

"Electrolounge Brasilia" é uma compilação com cool lounge, sendo o primeiro CD do gênero que leva o nome da capital brasileira no título. Produtores de downtempo electro fazem um tributo à cidade mais futurista da América Latina, com influências sutis de elementos típicos. Moderno e levemente brasileiro.

As faixas foram compiladas e co-producidas pelo DJ e CJ (Computer-Jockey) Julio Saraiva, com uma série de convidados de produtores de eletro, industrial e ebm. Saraiva é residente de vários eventos de Chill Out no Brasil. Sua preferência para musicas na linha de Kraftwerke bandas dos anos 80 ficam evidentes neste CD. A combinação com elementos leves e descontraídos cria a perfeita trilha sonora para Brasília.

Electropicália

"Electropicália" é a seqüência sofisticada do movimento tropicalista (criado por Caetano Veloso, Gilberto Gil e Tom Zé, entre outros) dos anos 60 no século 21, com muita irreverência e eletrônica. Este álbum foi desenvolvido especialmente para os fãs da tropicália, no Brasil e no exterior. Às sonoridades regionais foram incorporados elementos de musica eletrônica e hip-hop. Elementos da tropicália dos anos 60/70 como guitarra elétrica e letras non-sense foram mantidas e apimentadas com loops e efeitos.

O CD apresenta produtores experientes como Pausa Famaa e Chico Correa (ambos em vários lançamentos internacionais como Café Copacabana, Chill Zone etc.), Adriana As (Nouvelles tendences) e Sergio Cruz (parceiro de Atman em Buddha Bar). A seleção fica completa com produtores novos do Brasil inteiro.

Dark Lounge - Melancholic Eletronic

"Dark Lounge" é um CD duplo de lounge melancólico para aqueles que gostam de um relax mais pesado. Enquanto a grande maioria dos CDs de lounge aborda temas como América Latina, Brasil e Arábia, neste trabalho predomina o delicioso tom melancólico. Piano, cordas, loops de hip-hop, vozes faladas e muito efeitos eletrônicos não vão decepcionar os fãs de Depeche Mode e Rock nas horas do relax. A influência do gótico, do industrial e do techno atrai também os fãs de músicas eletrônica.

O resultado é um doce pesadalo, produzido por Der Bischof (CD1) e Nihil Project (CD2). Ambos figuram em coletâneas como "Café Buddha" e "Tantra Lounge". Der Bischof produziu o CD da banda metal/electro "Primitive". Um prato cheio para os fãs de Matrix, Csi, Senhor dos Anéis e afins.

Maresias, Brazil - Downbeat Essenciais Vol. 1

"Maresias, Brazil" é a trilha perfeita para estar ou imaginar-se estar numa das praias mais chiques do Brasil com downtempo lounge, e o mais novo CD do DJ Beto Salmon. Maresias é o lugar onde a High-Society de São Paulo passa a férias de verão e os fins de semana. Uma praia maravilhosa, cheia de gente bonita e famosa careceu de uma trilha musical para passar o entardecer. Esta espera acabou com este lançamento. Deephouse, dub, lounge e chill-out predominam nas produções do DJ e músico experiente Beto Salmon, feitas especialmente para esta coletânea. A maioria das músicas é instrumental, mas algumas contêm samples de sensuais vozes masculinas e femininas, dando um toque pessoal e emocional à sonoridade eletrônica.

Beto Salmon se destaca como DJ de downtempo desde o fim dos anos 80 e é figura constante em setlists das melhores casas noturnas do Brasil. Para o tour do lançamento deste CD, Salmon preparou um show multimidia com musicos, DJ e VJ (animações e efeitos visuais via computador ao vivo).

Completando a coleção de Lounge da Ouver, estão outros títulos como "Prestige", "Lounge Story", "Launch Party", "Café Noir Coffee Crime", "Café Bossa Boleros For Coffee" e "Café de Paris French", entre outros.

segunda-feira, março 15, 2004

Entrevista com Eli-eri no Jornal da Paraíba:

"A ENTREVISTA

- Que resultados podem ser computados pelo Departamento de Música da UFPB?

- O Departamento de Música da UFPB firmou na Paraíba um pólo musical que tem irradiado resultados positivos por todo o Nordeste e mesmo pelo País. Ele tem provido as orquestras e escolas de Música do Brasil todo com ótimos profissionais, oriundos de seus cursos de extensão e de graduação. Não são poucos os que se formaram aqui e hoje são destaque no cenário musical brasileiro, como Radegundis Feitosa, Nailson Simões, Ibaney Chasin, Yara Borges, Vivian Siedlecki, Raiff Dantas, Sandoval de Oliveira, Felipe Avellar, somente para citar alguns. Acredito que, atualmente, o nosso seja o Departamento de Música no Brasil com o maior número de CDs produzidos. Estes CDs registram o trabalho de altíssima qualidade de grupos como o Quinteto Brassil, JP-Sax, Quinteto Paraíba, dentre vários outros. Também é bom salientar que cada vez mais o nome da UFPB aparece em revistas especializadas de música (brasileiras e estrangeiras), divulgando os trabalhos de pesquisa de professores como Didier Guigue, Ilza Nogueira, Hermes Alvarenga e Felipe Avellar. Estes resultados deverão se tornar ainda mais expressivos com a abertura do nosso programa de pós-graduação, que está em vias de acontecer.

- Hoje, em que áreas o departamento se destaca?

- Sob a liderança da pianista Ana Lúcia Altino, o departamento foi criado há 25 anos atrás visando especialmente a área de performance. Oferecendo o maior número de habilidades em instrumento no País, ele concentrou por muitos anos sua vocação neste aspecto da música. Esse fato e a presença de renomados artistas no seu corpo docente atraiu alunos de todos os lugares do Brasil. Basta lembrar que, por vários anos, viu-se aqui uma verdadeira peregrinação de alunos para estudar piano com Kaplan, para citar apenas um caso. Hoje, outras áreas estão adquirindo espaço. Uma delas é a musicologia, através de um trabalho liderado pelo professor Didier Guigue, à frente do GMT (Grupo de Pesquisas em Música, Musicologia e Tecnologia Aplicada). Outra área é a composição, que foi oficialmente implantada na UFPB, no ano passado, através da criação do Compomus (Laboratório de Composição Musical). Digo ‘oficialmente’, porque a Paraíba tem toda uma história anterior de sucesso nesse campo, representada no trabalho de compositores, todos vinculados à UFPB, como José Alberto Kaplan, Ilza Nogueira, Didier Guigue, Carlos Anísio, Tom K, e outros.

- Como está a integração com outras instituições que lidam com a música na Paraíba?

- A Universidade mantém um importante convênio com o governo do Estado para viabilizar a atuação de nossos professores na Orquestra Sinfônica da Paraíba. Há também um interessante plano de cooperação entre o Compomus e a direção da Orquestra Sinfônica a ser desenvolvido este ano. Numa atitude pioneira, a Orquestra Sinfônica Jovem da Paraíba, sob a regência do competente Luiz Carlos Durier, executará em um de seus programas (provavelmente em setembro), composições orquestrais da nova geração de compositores da Paraíba, jovens que estão atuando e estudando conosco no Compomus.

- A iniciativa da UFPB de investir no estudo da música pode ser considerada vitoriosa?

- Eu diria vitoriosíssima! A história musical recente da Paraíba está intimamente ligada ao Departamento de Música da UFPB. Certamente, todo o intenso movimento musical visto na Paraíba nas duas últimas décadas, a existência de orquestras sinfônicas de grande porte, a atuação de numerosos grupos de câmera, corais universitários, concertos todas as semanas, gravações de CDs, seriam inconcebíveis sem o trabalho que foi e está sendo realizado na UFPB.

- Como o senhor avalia a música na Paraíba hoje? Mantemos a tradição de celeiro de talentos?

- A Paraíba continua a manter, no Nordeste, uma posição muito especial no campo da música. Cito alguns fatos: acima da Bahia, é o único Estado a concentrar tantas atividades de performance musical; é também o único a enviar regularmente quatro compositores para representar o Norte-Nordeste (não contando Bahia) nas Bienais de Música Brasileira Contemporânea e em diversos outros festivais, nacionais e internacionais; também não é à toa que temos aqui uma Ilza Nogueira, que nos representa na Academia Brasileira de Música. Novos talentos continuam a surgir, provindos não somente do Departamento de Música, como também da Escola de Música do Estado Anthenor Navarro. Recentemente, impressionou-me bastante o Grupo Quarta Dimensão, formado por alunos do Bacharelado de Música. Na composição, vários jovens promissores despontam, a exemplo de Ticiano Rocha, Marcílio Onofre, Herlon Rocha, Samuel Correia, Kayami Farias, Rogério Borges, somente para mencionar alguns.

- A opção na UFPB sempre foi o ensino da música acadêmica erudita. Por que não desenvolvemos experiência com música popular?

- Os aspectos técnicos aplicados à chamada música erudita, tanto na parte da performance quanto na da criação, não excluem a música popular. O músico que tem uma formação acadêmica, mesmo que opte pelo mercado da música popular, sempre terá mais recursos técnicos a sua disposição. Muitos paraibanos que se destacam hoje no cenário da música popular passaram de alguma forma pelo Departamento de Música. Lembro-me agora de nomes como João Linhares, Sérgio Gallo, Xisto Medeiros, Renata Arruda, Soraia Bandeira, Esmeraldo Marques e integrantes do Cabruêra. Mas concordo que seria interessante que tivéssemos disciplinas e mesmo cursos mais direcionados às questões específicas da música popular. No atual projeto de reforma do Bacharelado, há propostas neste sentido.

- Temos exportado muitos talentos, como o senhor citou. Por que eles não ficam aqui?

- Muitos ficam. Cito um dado que comprova isso: na reestruturação da Orquestra Sinfônica, há 25 anos, foi preciso trazer vários “estrangeiros” para integrar seus quadros. A presença de músicos locais era bem pequena. Hoje é o contrário: a maioria dos integrantes da orquestra são profissionais formados aqui. Evidentemente, muitos outros músicos, após concluírem seus cursos na Paraíba, buscam novos horizontes, atrás de maiores mercados de trabalho, maior capacitação em cursos de pós-graduação, etc.

- O movimento coral na Paraíba já foi de grande expressão, mas nos últimos anos diminuiu o número de corais...

- Não sei se diminuiu o número de corais. Talvez tenha diminuído o número de corais que realizam trabalhos diferenciados. No passado, corais que desenvolviam esses trabalhos se evidenciavam bastante e atraíam um grande público, como o Coral Universitário Gazzi de Sá, o Coral Universitário de Campina Grande, o Grupo Camena, o Grupo Anima, dentre outros. Mas temos hoje coros com trabalhos de peso, como o excelente Villa-Lobos, sob a regência de Carlos Anísio, o Coral Universitário da UFCG, dirigido pelo Lemuel Guerra, e o Coral do Dartes, de Eduardo Nóbrega.

- O senhor acaba de chegar de um doutorado no Canadá e deve ter feito muitas comparações. O que nos separa do primeiro mundo na música?

- Creio que principalmente os aspectos relacionados à infra-estrutura. Não temos o mesmo número de salas de concerto, orquestras, universidades, bibliotecas, instituições de apoio, enfim, recursos materiais e financeiros que eles dispõem. Mas não ficamos atrás na questão do talento, pelo contrário. Até por causa de nossas limitações materiais, dispomos muitas vezes de certa capacidade de improvisação e criação que nossos colegas do hemisfério norte ignoram.

- Sua opção por compor uma música mais elaborada não lhe parece elitista?

- De forma alguma. Essa estória de música elitista é baseada numa falsa premissa, defendida por pessoas que geralmente lucram com a música extremamente pobre e de má qualidade que grassa a mídia brasileira. Por ser abstrata, por não defender teses, a música, seja ela a mais elaborada, pode ser assimilada e apreciada por qualquer pessoa. Se as pessoas fossem expostas a uma música mais rica e sofisticada, se tivessem opção, aposto que não existiriam tantas duplas sertanejas e grupos de música baiana por aí.

- O que o senhor quer dizer como música pobre e de má qualidade que grassa na mídia?

- Refiro-me a músicas que apresentam recursos extremamente limitados e uma redundância absoluta, músicas calcadas em clichês já cansados, sem um mínimo de criatividade.

- O senhor não acredita que a música popular brasileira seja a maior expressão artística de nossa gente?

- Acredito sim. No entanto, convém lembrar que esse estereótipo de “música popular como nossa maior expressão artística” surgiu não somente devido à profusão dessa música no nosso País e à intensidade com que afeta nosso povo. Surgiu, principalmente, devido a sua variedade e riqueza, bem como sua qualidade. Ficamos conhecidos pela grande variedade de nossas raízes e manifestações folclóricas musicais, que vão do frevo ao maracatu, da autêntica música sertaneja (não me refiro a sertanejos eletrônicos) ao autêntico forró (também não me refiro aos forrós eletrônicos difundidos na mídia). O que também nos tornou uma “potência” no campo da música popular urbana, com grande proeminência no cenário internacional, foi o diferencial no aspecto da qualidade. Temos toda uma história, no século 20, de música popular de grande qualidade, que culmina nas décadas de oitenta e noventa nos trabalhos de artistas como Tom Jobim, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Djavan, Arrigo Barnabé, Chico Buarque, Gil-berto Gil, Alceu Valença, Sivuca, Geraldo Aze-vedo, Vital Farias, Zé Ramalho, Para-lamas, somente para citar alguns dos mais famosos.

- Não é a música a arte que permite a revelação dos segredos mais profundos do ser humano e que para isso tanto faz a forma perfeita das sinfonias de Beethoven, da produtividade de Bach, da criatividade de Mozart ou a explosão da música sertaneja ou do axé music baiano?

- Se o que você quer dizer é que a grande variedade de músicas, em seus aspectos qualitativos e estilísticos, reflete a imensa quantidade de fatores biológicos, psicológicos, sociais e culturais que formam o ser humano, e que nessa medida, o melhor de Mozart é tão válido quanto o pior de Zezé di Camargo e Luciano, talvez seja assim. No entanto, graças a Deus, o que tem permeado a nossa sobrevivência e crescimento como seres humanos é a busca incessante do conhecimento, dos meios mais sofisticados de expressão (inclusive artística) e de entendimento do universo. Nessas bases, podemos fazer outra comparação entre esses tipos de música: um estaria para uma grande ponte, um grande projeto de engenharia (tipo ponte Rio-Niterói), enquanto o outro estaria para uma tábua servindo de ponte. Você certamente irá bem mais longe com a primeira do que com a segunda.

- Que lições já podemos tirar do Laboratório de Composição da UFPB?

- Para mim foi muito gratificante ver o Auditório do Departamento de Música lotado, em dezembro do ano passado, para assistir ao primeiro concerto das turmas de composição do Compomus. O concerto, dedicado ao maestro Kaplan (pioneiro nesta área na história recente do Estado), foi um grande sucesso. Nem eu mesmo pude prever o quanto nossos estudantes avançariam qualitativamente em seus trabalhos composicionais. Estamos agora com as inscrições abertas para os novos cursos, que começarão ainda em março. Estaremos lançando, também em março, o Projeto “Fala Compositor!”, que pretende reunir compositores e comunidade para conversas e debates informais sobre assuntos relacionados à música em geral. Outros projetos em andamento referem-se a publicações de partituras de compositores locais e a organização de um acervo da obra de José Alberto Kaplan.

- Que dificuldades se enfrenta para fazer música na PB?

- Nossas maiores dificuldades são estruturais. Precisamos na UFPB, por exemplo, de espaço físico e equipamento para atender à demanda crescente de alunos e acolher adequadamente a nova Pós-Graduação, o Compomus, uma biblioteca decente, etc. O Departamento de Música possui um corpo docente altamente qualificado (com 11 doutores e 12 mestres em seus quadros), bem à frente das universidades dos nossos Estados vizinhos, mas algumas dessas universidades, a exemplo da UFRN, dispõem de instalações bem mais adequadas, incluindo teatro próprio, salas com proteção acústica, estúdios, etc.

- Como cientista da música, que caminhos nos esperam?

- No campo da arte é sempre muito difícil prever futuros caminhos. O presente momento histórico apresenta uma grande variedade de estilos, métodos, linguagens, fusões. A vanguarda, o experimentalismo, o novo pelo novo, característicos das décadas de 60 e 70, ficaram rapidamente datados. Muitos dos protagonistas de novidades como serialismo total, aleatorismo, minimalismo, massas sonoras, etc., retornaram a procedimentos mais convencionais ou procuraram pontos de fusão com outros caminhos. Hoje, não temos mais “escolas” ou “movimentos” bem caracterizados como tínhamos até pouco tempo atrás; cada compositor é, digamos assim, livre para inventar sua própria linguagem e seguir seu próprio rumo. Acredito que continue assim por algum tempo.

- O que o Departamento de Música tem feito no campo da extensão, no contato com a comunidade?

- A extensão é um dos grandes pilares do nosso departamento. No campo do ensino de extensão, podemos dizer que são os muitos cursos de extensão em instrumento, iniciação musical, etc., que preparam os alunos para a graduação. O Bacharelado em Música seria possivelmente inviável sem esses cursos. Isso é porque, diferente do estudante que se prepara para o vestibular nas demais áreas do saber, o aluno de música precisa chegar à universidade já com certa bagagem técnica e teórica específica. Não se cria um músico em três anos num contexto de ensino de terceiro grau. O estudo da música inicia-se bem antes, em conservatórios e cursos médios de música, como o nosso na UFPB, ou o da Escola de Música Anthenor Navarro. No campo artístico, dispomos de trabalhos de grupos musicais que não somente divulgam junto à comunidade variados repertórios, como os grupos que já citei, como também integram as pessoas da comunidade, como é o caso da nossa Orquestra Infanto-Juvenil, dirigida pelo Maestro Geraldo Rocha Júnior, do coro infanto-juvenil, e outros. Há também outros trabalhos pioneiros e importantes, dedicados à inclusão social de crianças através da musicalização, que estão sendo desenvolvidos junto a diferentes comunidades, como o “Café com Pão – Arte com Fusão”, do professor Heitor Rossi e o “Musicalizar é Viver”, da professora Mônica Cury."

sábado, março 13, 2004

ChicoCorrea & ElectronicBand

20 de março em Salvador

27 de março em Natal (a confirmar)

02 de abril em Campina Grande

--> mais infos a posteriori

quarta-feira, março 10, 2004

A turma da Paraíba produz música de alta qualidade, antenada, suingada, cheia de personalidade. E tem muito a ver com o que se faz por aqui.está rolando no Espaço Cultural de João Pessoa, hoje e amanhã, uma mostra do melhor da cena, o PBPop

Lula Queiroga
(lula@lulaqueiroga.com.br)

Recife - Daqui até João Pessoa são somente 120 quilômetros. Mais perto que Caruaru. Muita gente daqui tem parente por lá e vice-versa. A produção musical de lá é intensa e João Pessoa sempre teve mais identificação artística com o Recife do que com Natal. Assim como nós aqui temos mais afinidade com a galera da Filipéia (como alguns poetas chamam JP) do que com Maceió, independente da proximidade geográfica. Mas nos últimos anos parece que na divisa entre os dois estados foi cavado um fosso de jacarés. Pouca coisa vaza de lá, pouca coisa vai daqui. O que é uma perda pros dois lados.

Quando saímos de Recife nos anos 80 pra morar no Rio, eu e Lenine já conhecíamos Bráulio Tavares, Ivan Santos, Alex Madureira, Fuba, entre tantos outros paraibanos talentosos e gente fina. Formamos lá uma espécie de coluna de resistência, uma trincheira mental que nos serviu de escudo contra o aculturamento fácil. Havia nessa época um trânsito de idéiais musicais, uma ponte PE/PB já inaugurada por Alceu, Geraldinho Azevedo, Elba e Zé Ramalho.

Na época do disco Baque Solto a gente abria o show com uma música estranha chamada Profano de Chico César e cantávamos O Mote do Navio, do mestre Pedro Osmar. Tá na hora de aterrar esse fosso e renovar esse contato. Escurinho, um dos poucos com maior circulação por aqui, criou com Alex Madureira o espertíssimo Malocage, o disco novo dele, que segue a trajetória iniciada pelo genial Labacê de 1999. A volta do legendário Jaguaribe Carne, de Pedro Osmar e Paulo Ró também. A turma da Paraíba produz música de alta qualidade, antenada, suingada, cheia de personalidade. E tem muito a ver com o que se faz por aqui. A Cabrueira é uma excelente banda, original, criativa. Assim como Esmeraldo e cia, da Chico Correia (que brilhou no último Tim Festival), assim como JR. Espíndola, Cacá Santa Cruz, assim como uma cacetada de gente muito pouco conhecida pelo público que curte som por aqui.

A gente não pode esquecer que o investimento feito nos anos 80 na Faculdade de Música de lá, na sinfônica de João Pessoa, rendeu frutos, formou músicos virtuosos que deram respaldo à cena paraibana de hoje. Somos bem parecidos, no passado éramos a mesma capitania (Pernambuco/Itamaracá), tá na hora de desfazer esse litígio que nunca houve, esse apartheid que ninguém impôs, esse fosso de jacarés que separa os dois estados irmãos.

Olha só: acabo de saber pelo cabo Alex Madureira que está rolando no Espaço Cultural de João Pessoa ontem, hoje e amanhã uma mostra do melhor da cena, o PBPop. Perigosos Poetas, Stéreo Soul, As Parêas, Dead Nomades, Gargalo, Xisto Medeiros, além do Jaguaribe Carne, Escurinho e da incrível suingueira Kátia de França que já nos brindou com discos maravilhosos como Estilhaços e 20 Palavras ao Redor do Sol. Pois é, e um dos filhos mais ilustres da rapaziada Pessoense, Ivan Santos, há mais de 10 anos morando em Frankfurt está na terra para lançar o maravilhoso Songs From Now Here um CD que quase ninguém conhece por aqui. O show é dia 11 e segundo ele vai ser o único show da turnê pela América Latina. Vou estar lá. Uma hora só de distância. É o tempo que se leva pra ir do de Rio Doce à Piedade se o trânsito não estiver tão engarrafado.


PONTO-CONTRA-PONTO - 02-2004


Por Antônio Carlos da Fonseca Barbosa - MTb - 031681

carlosbrascuba@hotmail.com

Cabruêra lança CD em março



A celebração dos cinco anos do grupo paraibano acontece num momento importante para os cabras: a gravação do CD ‘O Samba da Minha Terra’

Lauricéia Barros - Editora de Cultura Diário da Borborema -PB

lauriceia@db.com.br



Depois do grande sucesso do primeiro trabalho, Cabruêra mostra-se amadurecido e com um resultado bastante positivo dos shows, festivais e parcerias firmadas no decorrer dos cinco anos de existência. Acumulando elogios, troféus, reconhecimento e uma boa receptividade no Brasil e no exterior, agora, chegou a vez de continuar as andanças com o segundo disco ‘O Samba da Minha Terra’, que deverá ser lançado em março, primeiro, na Paraíba, depois, no Sudeste, onde os cabras estavam fixando residência, para, assim, seguir rumo a Europa.

O CD, de acordo com Arthur Pessoa, vocalista e fundador, vai ser distribuído pela Nikita, assim como o primeiro, numa mostra de que a parceria deu certo. Ele terá doze faixas inéditas num disco totalmente autoral com letras de Arthur e Guilherme. ‘O Samba da Minha Terra’, uma música cantada pelo mestre Dorival Caymi, resume um pouco do que Cabruêra quer mostrar no disco: o som da terra que ecoa em músicas que mistura ritmos com raízes nordestinas.

O segundo disco dos cabras tem de tudo para ser um grande trabalho, pelo menos, tecnicamente é o que se espera. Em termos de som, é inquestionável, claro. “A diferença do primeiro disco para este segundo é apenas a questão técnica. A dedicação e o perfil do trabalho são os mesmos”, garantiu Arthur.

A produção do CD é de Nilo Romero, ex-baixista de Cazuza. O estúdio é de Liminha, ex-Mutantes, com sede no Rio de Janeiro. A masterização será feita no Magic Masters, responsável pela masterização do disco de Maria Rita, Lenine e de outras feras da música popular brasileira.

As músicas, embora algumas delas já estejam sendo divulgadas nos shows, continuarão sendo trabalhadas no período de lançamento porque o público entendeu exatamente o que os cabras queriam passar. Entre elas, “Zabé” - aquela da loca -, e “Carcará” - uma versão do grupo - já são conhecidas e integrarão o segundo CD. Além das doze faixas, o disco terá dois remix com o DJ Dolores, de Recife, DJ Chico Correa, de João Pessoa.

Em coletâneas
Além dos discos autorais, Cabruêra integra coletâneas que foram lançadas na Alemanha, França e Portugal. Com a música ‘Forró Esferográfico’, os cabras ficam em evidência no disco ‘Favela Chic - Postonove 3’, que saiu recentemente na França.

O grupo é definido por tocar um tipo de forró maracatu psicodélico ultra vitaminado. Muito original na maneira como utiliza os instrumentos produzindo um ritmo hipnótico e contagiante.
A banda é formada por Arthur Pessoa (voz, acordeom, pandeiro e violão), Fredi Guimarães (violão, percussão e vocais), Zé Guilherme (percussão e vocal), Fabiano (baixo, vocal) e Tom Rocha (percussão e vocais).

Os cabras já receberam o prêmio Hangar como a melhor do Nordeste de 2002 e o magnífico Kikito de Ouro do Festival de Cinema de Gramado. Foi também sensação no Abril Pr’o Rock, matéria no Show Bizz, Folha de São Paulo, Jornal do Brasil, Especial MTV, Rede Bandeirantes e esteve em várias turnês na Europa.

O show novo dos cabras vai ser mostrado em breve, em Campina Grande, antes mesmo do lançamento do disco. A agenda já está confirmada: será no Encontro para a Nova Consciência, evento que os cabras, todos os anos se apresentam com grande sucesso. Um momento de reencontrar o público campinense - um público fiel que acompanha o grupo em todos os shows na cidade.

Arthur informou que estão no repertório as músicas do disco novo, já se preparando para o lançamento oficial.



*Revista Ritmo Melodia - 2001-SP

*©Copyright -Direitos Reservados ao

Jornalista- Antonio Carlos F. Barbosa.

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