segunda-feira, abril 14, 2003

http://www.pernambuco.com/diario/2003/04/14/viver14_0.html
Glória à Nação Zumbi

Júlio Cavani
DA EQUIPE DO DIARIO

Com oportunos 30 minutos de atraso, o grupo Chico Correa e Eletronic Band, banda paraibana de música eletrônica, alcançou o auge de sua carreira enquanto dava início ao Abril Pro Rock 2003, que em seu primeiro dia, sexta, não entrou para a história do evento, mas também não desapontou. O Rappa e Nação Zumbi, carros-chefe da noite, cumpriram seu papel de garantir uma boa bilheteria.

Inevitavelmente o público notou semelhanças entre a Eletronic Band e a Orchestra Santa Massa, com quem compartilha a mesma proposta, mas sem a mesma experiência e coerência do grupo comandado pelo DJ Dolores, que se apresentou em seguida.

Nação Zumbi é praticamente uma entidade divina no Recife (talvez no Brasil). Basta os malungos aparecerem para causarem uma catarse coletiva, ao som dos incansável grito de guerra da platéia bradando "Chico! Chico!". Mesmo assim, os músicos não caem na tentação de serem absorvidos por esse clima de adoração, e conseguem apresentar um repertório imprevisívele sem apelações, numa opção corajosa. Músicas como Propaganda, Know Now e Remédios são ótimas nos CDs, mas causam certo estranhamento no show. Das novas, Amnesia Express e Blunt of Judah funcionaram no palco, essa última com participação de Berna Chopinho, autor de Quando a Maré Encher, que, junto com Meu Maracatu Pesa uma Tonelada, provocou um terremoto no piso do Pavilhão.

O show do Rappa mostrou que o grupo foi mesmo o grande responsável pelos 8 mil presentes no Pavilhão. "Pelos custos do evento, tínhamos que ter no mínimo esse público hoje. Essa foi nossa aposta quando resolvemos pagar os altos cachês do Rappa e Nação Zumbi", calculou Paulo André Pires, organizador do festival. O grupo carioca, que não lança disco de inéditas desde 1999 (Lado B Lado A), fez um show praticamente todo composto por sucessos. O vocalista Falcão, se desejasse, nem precisava cantar, já que a platéia demonstrava em coro saber todas as letras.

Como de praxe, o Rappa começou com Tumulto, música adaptável a qualquer show da banda, sempre lotado. Falcão mandou Bush e Saddan irem para aquele lugar no primeiro de seus vários discursos pretensiosamente humanistas, que permearam o show mais político da noite, antecedido pela apresentação do grupo Majê Molê, de Peixinhos. Antes de voltar pro bis, O Rappa concluiu a apresentação com Homem-Bomba, Ninguém Regula a América e Instinto Coletivo, sucessos que se encaixam no momento político mundial atual.

Fred 04 Quatro mereceu ganhar o Troféu Brodagem da noite. Além de dar uma de apresentador, ele fez participações especiais em três shows, estando presente, inclusive, no auge do evento, quando Jorge Du Peixe e Cia. tiraram da manga o clássico Manguetown, entoado como um hino pela platéia, num momento simbólico, que representou boa parte do verdadeiro espírito e energia de um reerguido Abril Pro Rock.






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