quinta-feira, abril 10, 2003
http://www.pernambuco.com/diario/2003/04/10/viver14_0.html
Mulheres quebram tabu no APR
Em 11 anos de Abril Pro Rock, é a primeira vez que a presença feminina se multiplica no palco
Aline Feitosa especial para o DIARIO
Organizadores estimam que mais de 30 mil pessoas invadirão o Centro de Convenções de Pernambuco neste final de semana para encarar a maratona de 23 shows do Abril pro Rock (APR). O festival, o público recifence conhece bem. Só que desta vez, vai perceber que em algumas apresentações o palco vai estar mais colorido, florido. É a presença feminina, que nunca esteve tão forte em 11 anos de APR, rearfimando o que a maioria das pessoas já sabe: elas não chegam ao palco apenas para enfeitar. São bem preparadas, cantam, tocam e calam a boca de muitos machistas por aí. Cinco bandas vão colocar à frente mulheres, que prometem encantar um público bem receptivo: Pitty (BA), Chico Correa (PB), DJ Dolores e Orquestra Santa Massa (PE), Nancyta e os Grazzers (BA) e Azabumba (PE).
Amanhã, a partir das 21 horas, começam os shows. A segunda banda a se apresentar será DJ Dolores e Orquestra Santa Massa. Isaar França comanda os vocais e toca percussão com braços firmes que deixam muitos homens com inveja. Para Dolores, ela é fundamental na banda e define a estética final. "O sotaque musical dela é maravilhoso", diz e completa que Isaar é tratada pelos outros componentes como se fosse uma princesa. No mesmo dia, entra no palco a graça de Larissa, 20, vocalista, que trabalha com Chico Correa há dois anos. Cercada por quatro rapazes, ela conta que não tem problemas com os companheiros de trabalho. "O que importa mesmo é o resultado final, o som perfeito aos ouvidos do público", opina. Baixinha, morena e com carinha de 16, ela espera passar em 30 minutos de show, junto com a banda, um resumo do trabalho que mistura música eletrônica e influências bem brasileiras.
O sábado mantém a tradição: é o dia do som pesado no Abril, dia de bater a cabeça. Acostumados a ouvir os gritos masculinos nos vocais das bandas de metal e hardcore, o público underground terá uma surpresa na primeira apresentação na noite. Sobe ao palco Nancyta e os Grazzers. A voz bem entoada da moça, tem força para se sobresair da guitarra, baixo e bateria que a acompanham, Nancyta, 30, é bem direta: "Nunca tive banda de menina. Isso é muito chato!". O corpo tatuado e um visual marcado por roupas exóticas, ela diz que a cobrança do público, principalmente masculino, existe sim. Mas quando ela abre a boca, as outras se calam. "A gente tem que se impor", comenta. Com noção musical de vários instrumentos e professora de técnica vocal, a baiana compõe a maioria das músicas da banda, curte som pesado desde os 9 anos e ainda é mãe de Lana, 9, que segue os mesmos passos e faz uma participação no disco.
O último dia do festival é aquele mais light, onde a música regional ganha rumo e o rock pop chega aos ouvidos. Com início marcado para as 17 horas, o começo da noite será entoado pela Azabumba. Com oito músicos, a banda também tem sua flor de formusura. Aninha, 25, leva às caixas de 110 decibéis sua voz doce, dando harmonia à "música regional com influência contemporânea" - estilo definido por ela. À vontade no palco, Aninha, que teve como um dos mestres o percussionista Naná Vasconcelos, afirma que o público vai ver uma novidade da cena pernambucana. "A Azabumba está levando ao APR um som com elementos variados. Acredito que vai agradar a todos", diz.
Pitty pode até roubar o apelido de Carmem Miranda e ser chamada de Pequena Notável. O Pitty de Priscila veio da infância, por ser miúda. Mas, em personalidade ela é bem grandinha. Descontraída, diz que antes de entrar no palco faz um preparo especial: dez polichinelos, cinco levantamentos de braço e uma cerveja bem gelada. Pronto! Está apta a colocar em prática seus quase dez anos de carreira. "Pra mim não existe diferença entre público masculino e feminino. O que importa é o som que fazemos", afirma emendando que já passou o tempo das cabeças evoluírem e que essa história de machismo é pra boi dormir.
Mulheres quebram tabu no APR
Em 11 anos de Abril Pro Rock, é a primeira vez que a presença feminina se multiplica no palco
Aline Feitosa especial para o DIARIO
Organizadores estimam que mais de 30 mil pessoas invadirão o Centro de Convenções de Pernambuco neste final de semana para encarar a maratona de 23 shows do Abril pro Rock (APR). O festival, o público recifence conhece bem. Só que desta vez, vai perceber que em algumas apresentações o palco vai estar mais colorido, florido. É a presença feminina, que nunca esteve tão forte em 11 anos de APR, rearfimando o que a maioria das pessoas já sabe: elas não chegam ao palco apenas para enfeitar. São bem preparadas, cantam, tocam e calam a boca de muitos machistas por aí. Cinco bandas vão colocar à frente mulheres, que prometem encantar um público bem receptivo: Pitty (BA), Chico Correa (PB), DJ Dolores e Orquestra Santa Massa (PE), Nancyta e os Grazzers (BA) e Azabumba (PE).
Amanhã, a partir das 21 horas, começam os shows. A segunda banda a se apresentar será DJ Dolores e Orquestra Santa Massa. Isaar França comanda os vocais e toca percussão com braços firmes que deixam muitos homens com inveja. Para Dolores, ela é fundamental na banda e define a estética final. "O sotaque musical dela é maravilhoso", diz e completa que Isaar é tratada pelos outros componentes como se fosse uma princesa. No mesmo dia, entra no palco a graça de Larissa, 20, vocalista, que trabalha com Chico Correa há dois anos. Cercada por quatro rapazes, ela conta que não tem problemas com os companheiros de trabalho. "O que importa mesmo é o resultado final, o som perfeito aos ouvidos do público", opina. Baixinha, morena e com carinha de 16, ela espera passar em 30 minutos de show, junto com a banda, um resumo do trabalho que mistura música eletrônica e influências bem brasileiras.
O sábado mantém a tradição: é o dia do som pesado no Abril, dia de bater a cabeça. Acostumados a ouvir os gritos masculinos nos vocais das bandas de metal e hardcore, o público underground terá uma surpresa na primeira apresentação na noite. Sobe ao palco Nancyta e os Grazzers. A voz bem entoada da moça, tem força para se sobresair da guitarra, baixo e bateria que a acompanham, Nancyta, 30, é bem direta: "Nunca tive banda de menina. Isso é muito chato!". O corpo tatuado e um visual marcado por roupas exóticas, ela diz que a cobrança do público, principalmente masculino, existe sim. Mas quando ela abre a boca, as outras se calam. "A gente tem que se impor", comenta. Com noção musical de vários instrumentos e professora de técnica vocal, a baiana compõe a maioria das músicas da banda, curte som pesado desde os 9 anos e ainda é mãe de Lana, 9, que segue os mesmos passos e faz uma participação no disco.
O último dia do festival é aquele mais light, onde a música regional ganha rumo e o rock pop chega aos ouvidos. Com início marcado para as 17 horas, o começo da noite será entoado pela Azabumba. Com oito músicos, a banda também tem sua flor de formusura. Aninha, 25, leva às caixas de 110 decibéis sua voz doce, dando harmonia à "música regional com influência contemporânea" - estilo definido por ela. À vontade no palco, Aninha, que teve como um dos mestres o percussionista Naná Vasconcelos, afirma que o público vai ver uma novidade da cena pernambucana. "A Azabumba está levando ao APR um som com elementos variados. Acredito que vai agradar a todos", diz.
Pitty pode até roubar o apelido de Carmem Miranda e ser chamada de Pequena Notável. O Pitty de Priscila veio da infância, por ser miúda. Mas, em personalidade ela é bem grandinha. Descontraída, diz que antes de entrar no palco faz um preparo especial: dez polichinelos, cinco levantamentos de braço e uma cerveja bem gelada. Pronto! Está apta a colocar em prática seus quase dez anos de carreira. "Pra mim não existe diferença entre público masculino e feminino. O que importa é o som que fazemos", afirma emendando que já passou o tempo das cabeças evoluírem e que essa história de machismo é pra boi dormir.