sábado, abril 05, 2003

O Brasil Eletrônico de Chico Correa

Por Mara Souza
A música brasileira vem silenciosamente renovando o seu perfil. Apesar da rara divulgação pela mídia dos projetos e das experimentações que vêm sendo feitas no país, novos nomes que apostam nos ritmos nacionais começam a se tornar conhecidos dentro do meio musical.

Exemplo dessa nova geração que acredita na música brasileira é Chico Correa, pseudônimo adotado por Esmeraldo Marquez produtor de música eletrônica, DJ e guitarrista. Ele comanda o projeto Chico Correa & Eletronic Band, que atualmente conta com 8 músicos, de formações diversas. O projeto aposta na e-music, com claras referências à música popular brasileira e ao jazz – o nome Chico Correa é uma referência a Chick Correa, pianista de jazz. “É um processo natural para utilizar minhas referências locais, os ritmos, sonoridades, melodias, misturadas com os segmentos da música eletrônica com que me identifico”, disse Chico em entrevista por e-mail ao Cultura In.com.

Chico começou sua trajetória musical aos 17 anos, quando tocava guitarra, pesquisava sons de culturas diversas e freqüentava apresentações de amigos do hip-hop em Aracaju. Após ter se mudado para João Pessoa, onde mora hoje em dia, entrou em contato com projetos de música experimental, e se aprofundou no contato com a cultura nordestina.

O que se seguiu foi um estágio em um estúdio de gravação, a aprovação no curso de música da Universidade Federal da Paraíba e a idéia de criar um grupo de jazz. A idéia acabou não saindo do papel, mas as experimentações já tinham se iniciado, depois de Chico ter comprado uma viola de repente e um computador. “Meu interesse não é específico pela música eletrônica, mas sim pela música e por tudo o que está relacionado a ela: técnicas de gravação, produção, arranjo, composição. Mas foi na música eletrônica que me senti mais à vontade para juntar minhas idéias, experimentar e produzir”, afirmou.

Questionado sobre a expansão da música eletrônica no nordeste, Chico frisou a importância da organização para o crescimento da cena de e-music. “Iniciativas como as do Pragatecno (e todos seus coletivos) vêm consolidando uma cena organizada, realizando intercâmbios, encontros, eventos, divulgando os aspectos da cultura da música eletrônica aos leigos e batalhando por espaços aos Djs das cenas locais. A música eletrônica já tem mais aceitação e público no nordeste pra fazer eventos de maior porte, é só comparar com a cena de alguns anos”, disse.

A única ressalva é quanto ao intercâmbio entre DJs do nordeste e do eixo Rio-São Paulo. Para ele, é muito mais comum que, em se tratando de festas e afins, os “sulistas” se apresentem para os nordestinos, do que o inverso. A inserção nos mercados se torna mais simples pela internet, que facilita a troca de informações e a disponibilização de músicas no formato mp3. “Eu nunca lancei nada meu em cd, foi tudo via web mesmo, aprendi muita coisa e continuo através da internet. É um espaço ilimitado para divulgação, formação de público, opinião e comercialização”, contou.

Projetos para 2003

Este ano, Chico pretende iniciar uma parceria com músicos da Paraíba, Pernambuco e Alagoas, e concretizar uma outra com o grupo paraibano Cabruêra www.cabruera.cjb.net, idéia que já acalenta há algum tempo. Outros planos são a conclusão das gravações do CD da Chico Correa & Eletronic Band e a continuação do trabalho com Gilberto Monte (da banda baiana Tara Code), com quem esteve em Salvador no Loops & Roots, dentro do Conex@o.

“Foi uma ótima experiência a apresentação na Bahia. Já vinha discutindo a possibilidade de trabalhar em parceria com Gilberto Monte desde sua visita a João Pessoa, no início de 2002. No Loops & Roots a proposta era uma apresentação de 15 minutos que acabou passando dos quarenta, com alguns desencontros técnicos que fazem parte desse tipo de proposta, já que a música é montada na hora mesmo.” E ficou a promessa de um retorno a Salvador: “Quando der eu volto!”.





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