terça-feira, abril 01, 2003

Terça-feira,
1º de abril de 2003

A força das mulheres no Abril

Este ano, cinco mulheres se destacam na programação do Abril Pro Rock 2003

Marcos Michael

A percussionista Aninha, do Azabumba, vai mostrar sua força na terceira noite do Abril

Vanessa Lins
especial para a Folha

Há décadas elas lutam por direitos iguais. E, aos poucos, conquistam cada vez mais reconhecimento em várias profissões. No universo musical, ainda são minoria, apesar de sempre emprestarem a voz a inúmeras composições famosas tocadas nas rádios. As mulheres estão chegando com tudo nesse meio predominantemente masculino, não só como cantoras mas também como musicistas. O Abril Pro Rock 20 03 é um exemplo disso. Este ano, o festival de música mais importante do Estado, e um dos maiores do Brasil, vai ter a participação de garotas de talento, fazendo som regional ou quebrando tudo no heavy metal.
Pode parecer pouco - apenas cinco garotas - mas, pasmem, essa é a edição do Abril Pro Rock com maior número de participações femininas desde 1999. E as garotas prometem fazer bonito no palco, com a segurança de quem já é acostumado com os holofotes.
Ela é a voz da banda DJ Dolores e Orchestra Santa Massa. O repertório mescla batidas eletrônicas com rabeca e guitarra. Isaar França ingressou na música há sete anos como percussionista e diz que nunca sofreu tratamento diferenciado por ser mulher, mas admite que é mais fácil ser cantora que musicista. ôO trabalho percussivo feito por nós ainda é pouco reconhecido, mas já é admitidoö, comenta. Mas isso não constrange a percussionista, que fica bem à vontade entre os colegas homens. “No Free Jazz 2001, eu era única mulher”, lembra ela.
De João Pessoa para Recife. A banda Chico Correa é comandada pela vocalista Larissa Queiroz, há pouco mais de um ano, e é a primeira vez que se apresenta no festival. A cantora comenta a relação que tem com os meninos da banda. “Os homens tomam a frente de tudo. Fico meio constrangida com isso”, se queixa a cantora, que completa: “Na passagem de som, os técnicos acham que eu não entendo nada daquilo e sempre se dirigem aos músicos”, reclama.
Já a cantora Nancyta, do grupo Nancyta e os Grazzers, não tem do que reclamar. Aos 14 anos, quando se mudou de Piracicaba para Salvador, ela freqüentava shows de heavy metal que, até então, eram um espaço exclusivo dos garotos. “Nunca fui discriminada”, afirma a vocalista, compositora e produtora musical. A relação com os músicos é tranqüila. “Fiquei meio assexuada. Eles me vêem como um menino também”, diverte-se. A banda vai abrir a noite de peso do Abril Pro Rock.


Participação pernambucana

A percussionista Aninha é uma veterana no cenário musical pernambucano. Atualmente canta e toca no conjunto Azabumba e faz sua segunda participação no Abril Pro Rock - a primeira foi em 2001, com Silvério Pessoa. Na bagagem, traz dois momentos delicados colocaram em cheque o seu profissionalismo. “Quando tocava com Naná Vasconcelos comentavam que eu era só mais uma menina bonitinha que tocava”, recorda. A outra saia justa ocorreu quando ela ingressou no Maracatu Estrela Brilhante, o qual tinha a tradição de admitir apenas homens.
Hoje a situação é diferente. “No carnaval, muitas mulheres tocam tambores”, observa Aninha. A artista não acha que o mercado seja mais difícil para elas. Profissionais de ambos os sexos precisam estudar muito para ter seus trabalhos reconhecidos. Isso não depende de ser homem ou mulher, e sim, do esforço pessoal. (V.L.)

Saiba mais

Dia 11 de abril
Palco 1 - DJ Dolores & Orchestra Santa Massa (Pernambuco)
Palco 2 - Chico Correa (Paraíba)
Dia 12 de abril
Palco 2 - Nancyta e os Grazzers (Bahia)
Dia 13 de abril
Palco 2 - Pitty (Bahia)
Palco 2 - Azabumba (Pernambuco)





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