quarta-feira, março 10, 2004
A turma da Paraíba produz música de alta qualidade, antenada, suingada, cheia de personalidade. E tem muito a ver com o que se faz por aqui.está rolando no Espaço Cultural de João Pessoa, hoje e amanhã, uma mostra do melhor da cena, o PBPop
Lula Queiroga
(lula@lulaqueiroga.com.br)
Recife - Daqui até João Pessoa são somente 120 quilômetros. Mais perto que Caruaru. Muita gente daqui tem parente por lá e vice-versa. A produção musical de lá é intensa e João Pessoa sempre teve mais identificação artística com o Recife do que com Natal. Assim como nós aqui temos mais afinidade com a galera da Filipéia (como alguns poetas chamam JP) do que com Maceió, independente da proximidade geográfica. Mas nos últimos anos parece que na divisa entre os dois estados foi cavado um fosso de jacarés. Pouca coisa vaza de lá, pouca coisa vai daqui. O que é uma perda pros dois lados.
Quando saímos de Recife nos anos 80 pra morar no Rio, eu e Lenine já conhecíamos Bráulio Tavares, Ivan Santos, Alex Madureira, Fuba, entre tantos outros paraibanos talentosos e gente fina. Formamos lá uma espécie de coluna de resistência, uma trincheira mental que nos serviu de escudo contra o aculturamento fácil. Havia nessa época um trânsito de idéiais musicais, uma ponte PE/PB já inaugurada por Alceu, Geraldinho Azevedo, Elba e Zé Ramalho.
Na época do disco Baque Solto a gente abria o show com uma música estranha chamada Profano de Chico César e cantávamos O Mote do Navio, do mestre Pedro Osmar. Tá na hora de aterrar esse fosso e renovar esse contato. Escurinho, um dos poucos com maior circulação por aqui, criou com Alex Madureira o espertíssimo Malocage, o disco novo dele, que segue a trajetória iniciada pelo genial Labacê de 1999. A volta do legendário Jaguaribe Carne, de Pedro Osmar e Paulo Ró também. A turma da Paraíba produz música de alta qualidade, antenada, suingada, cheia de personalidade. E tem muito a ver com o que se faz por aqui. A Cabrueira é uma excelente banda, original, criativa. Assim como Esmeraldo e cia, da Chico Correia (que brilhou no último Tim Festival), assim como JR. Espíndola, Cacá Santa Cruz, assim como uma cacetada de gente muito pouco conhecida pelo público que curte som por aqui.
A gente não pode esquecer que o investimento feito nos anos 80 na Faculdade de Música de lá, na sinfônica de João Pessoa, rendeu frutos, formou músicos virtuosos que deram respaldo à cena paraibana de hoje. Somos bem parecidos, no passado éramos a mesma capitania (Pernambuco/Itamaracá), tá na hora de desfazer esse litígio que nunca houve, esse apartheid que ninguém impôs, esse fosso de jacarés que separa os dois estados irmãos.
Olha só: acabo de saber pelo cabo Alex Madureira que está rolando no Espaço Cultural de João Pessoa ontem, hoje e amanhã uma mostra do melhor da cena, o PBPop. Perigosos Poetas, Stéreo Soul, As Parêas, Dead Nomades, Gargalo, Xisto Medeiros, além do Jaguaribe Carne, Escurinho e da incrível suingueira Kátia de França que já nos brindou com discos maravilhosos como Estilhaços e 20 Palavras ao Redor do Sol. Pois é, e um dos filhos mais ilustres da rapaziada Pessoense, Ivan Santos, há mais de 10 anos morando em Frankfurt está na terra para lançar o maravilhoso Songs From Now Here um CD que quase ninguém conhece por aqui. O show é dia 11 e segundo ele vai ser o único show da turnê pela América Latina. Vou estar lá. Uma hora só de distância. É o tempo que se leva pra ir do de Rio Doce à Piedade se o trânsito não estiver tão engarrafado.
Lula Queiroga
(lula@lulaqueiroga.com.br)
Recife - Daqui até João Pessoa são somente 120 quilômetros. Mais perto que Caruaru. Muita gente daqui tem parente por lá e vice-versa. A produção musical de lá é intensa e João Pessoa sempre teve mais identificação artística com o Recife do que com Natal. Assim como nós aqui temos mais afinidade com a galera da Filipéia (como alguns poetas chamam JP) do que com Maceió, independente da proximidade geográfica. Mas nos últimos anos parece que na divisa entre os dois estados foi cavado um fosso de jacarés. Pouca coisa vaza de lá, pouca coisa vai daqui. O que é uma perda pros dois lados.
Quando saímos de Recife nos anos 80 pra morar no Rio, eu e Lenine já conhecíamos Bráulio Tavares, Ivan Santos, Alex Madureira, Fuba, entre tantos outros paraibanos talentosos e gente fina. Formamos lá uma espécie de coluna de resistência, uma trincheira mental que nos serviu de escudo contra o aculturamento fácil. Havia nessa época um trânsito de idéiais musicais, uma ponte PE/PB já inaugurada por Alceu, Geraldinho Azevedo, Elba e Zé Ramalho.
Na época do disco Baque Solto a gente abria o show com uma música estranha chamada Profano de Chico César e cantávamos O Mote do Navio, do mestre Pedro Osmar. Tá na hora de aterrar esse fosso e renovar esse contato. Escurinho, um dos poucos com maior circulação por aqui, criou com Alex Madureira o espertíssimo Malocage, o disco novo dele, que segue a trajetória iniciada pelo genial Labacê de 1999. A volta do legendário Jaguaribe Carne, de Pedro Osmar e Paulo Ró também. A turma da Paraíba produz música de alta qualidade, antenada, suingada, cheia de personalidade. E tem muito a ver com o que se faz por aqui. A Cabrueira é uma excelente banda, original, criativa. Assim como Esmeraldo e cia, da Chico Correia (que brilhou no último Tim Festival), assim como JR. Espíndola, Cacá Santa Cruz, assim como uma cacetada de gente muito pouco conhecida pelo público que curte som por aqui.
A gente não pode esquecer que o investimento feito nos anos 80 na Faculdade de Música de lá, na sinfônica de João Pessoa, rendeu frutos, formou músicos virtuosos que deram respaldo à cena paraibana de hoje. Somos bem parecidos, no passado éramos a mesma capitania (Pernambuco/Itamaracá), tá na hora de desfazer esse litígio que nunca houve, esse apartheid que ninguém impôs, esse fosso de jacarés que separa os dois estados irmãos.
Olha só: acabo de saber pelo cabo Alex Madureira que está rolando no Espaço Cultural de João Pessoa ontem, hoje e amanhã uma mostra do melhor da cena, o PBPop. Perigosos Poetas, Stéreo Soul, As Parêas, Dead Nomades, Gargalo, Xisto Medeiros, além do Jaguaribe Carne, Escurinho e da incrível suingueira Kátia de França que já nos brindou com discos maravilhosos como Estilhaços e 20 Palavras ao Redor do Sol. Pois é, e um dos filhos mais ilustres da rapaziada Pessoense, Ivan Santos, há mais de 10 anos morando em Frankfurt está na terra para lançar o maravilhoso Songs From Now Here um CD que quase ninguém conhece por aqui. O show é dia 11 e segundo ele vai ser o único show da turnê pela América Latina. Vou estar lá. Uma hora só de distância. É o tempo que se leva pra ir do de Rio Doce à Piedade se o trânsito não estiver tão engarrafado.